02 março 2011

Meu Amigo!

O meu coração enternece-se para te escrever estas palavras. A ti, meu querido, que sempre foste carinhoso comigo. Aprendi a amar-te, com uma intensidade tal que, se me separasse de ti, de imediato sentia a tua falta. Lembro-me, ainda, das horas que passavamos olhando-mo-nos nos olhos, em silêncio. Ou quando nos abraçavamos e sentia o teu corpo, suave e macio, junto da minha pele. Como me ouvias desabafar as minhas mágoas ou como dançavamos de alegria ao som das minhas histórias de sucesso. Levei-te ao meu primeiro dia de aulas. A professora quis impedir-te de entrar. Lembras-te? Mas consegui fazê-la entender que eramos inseparáveis e atravessei a porta. Segurava-te pela mão. Estavas sempre lá por mim. Quantas vezes amparaste a minha cabeça enquanto soluçava amargurada com a vida, quantas outras te abracei forte para que não sentisse medo, quantas mais juras de fidelidade te fiz? Porém, há coisas que de tão certas que são, de tão óbvias, nos adormecem a alma. Não porque não te amasse nem sequer por te ter esquecido mas talvez por isso comecei a olhar os outros. Mais modernos e sofisticados. Vivi cada paixoneta dessas ignorando-te, indiferente aos teus sentimentos. Incrivel como não te fizeste ouvir protestar uma unica vez e nem por um segundo ousaste abandonar-me. Vi-te envelhecer. Enquanto as tuas cores aclaravam eu entregava-me aos outros encantada. Eles tinham charme, deves compreender isso. Lembro-me das outras meninas olharem com inveja quando os exibia do meu lado. Sentia-me poderosa, vaidosa! Mas eu também cresci e a todos abandonei. Vieram mais responsbilidades e foi-se o tempo para desfrutar da companhia deles. Menos tu. Que ficavas ali sentado a observar-me enquanto eu devorava matérias e mais matérias. Lembras-te do dia em que entrei na faculdade? Cheguei a casa com as amigas e, como crianças, pulamos sobre a cama. Nem reparei que tinhas perdido um braço. Não interrompi um segundo da minha comemoração para te consolar. Hoje pergunto-me como teria sido se não estivesses em cima da minha cama naquele dia que o meu namorado rompeu comigo. Que destroçou o meu coração, que o abriu ao meio e o deixou despedaçado. O que eu faria se não estivesses lá? Se eu não pudesse abraçar o teu corpo desmembrado. Por isso agradeço o teu perdão, o teu amor e a tua dedicação. Serás sempre o meu preferido, o meu amigo, o meu ursinho de peluche.

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